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Lâmina I

Esta análise vai ser realizada tendo em conta três aspectos: os símbolos, o valor numérico da carta e a sua mensagem no Caminho do Auto-Conhecimento.
Apesar de haver vários baralhos à nossa disposição e cada um ter a sua iconografia, há um certo número de símbolos que se encontram sempre representados, são os mais importantes, aqueles que contém a informação necessária para desvendar a mensagem.
Começando pelo Mago, podemos encontrar, ou devemos encontrar, em todos os baralhos os seguintes símbolos:
  • Bastão
  • Punhal
  • Discos/moedas
  • Taça
  • As cores: amarelo, verde, azul e vermelho
  • Chapéu em abas
  • Mesa de trabalho
Na verdade quer os quatro primeiros itens da lista quer as cores pretendem chamar a nossa atenção para o mesmo assunto, as 4 matérias-primas, os 4 elementos que devemos primeiro trabalhar neste Plano. Porquê trabalhar? A mesa, representada na maioria das cartas, simboliza a Matéria, o trabalho no mundo exterior, a habilidade manual. Assim sendo, numa primeira análise podemos concluir que o Peregrino deve numa primeira fase trabalhar o mundo exterior, utilizar o Bastão que segura com a mão para controlar o Ar, as moedas/discos para trabalhar a Terra, a Taça para manipular a Água e o punhal para dominar o Fogo. Contudo, as cores que o Mago usa pretendem mostrar que o trabalho não é apenas exterior, não será única e exclusivamente na mesa que se realizarão os trabalhos, mas também no interior. Esta Chave é uma das mais bem guardadas em Alquimia, quanto mais trabalhamos no Laboratório, mais o Templo Interior se constrói. Os Maçons devem o seu nome a esta mesma premissa, cada iniciado torna-se o construtor do Templo, metaforicamente falando, claro. Por isso, este Mago revela-nos que os nossos trabalhos exteriores servirão para construir o nosso Interior, daí que a o nome associado a esta Carta seja o Início da Grande Obra em Alquimia e Recipiendário em Magia. Mostra-nos também a primeira regra, tudo o que existe no Plano Astral, tem de ter uma representação no Plano Manifestado e vice-versa.

Esta carta tem como número o 1 que representa exactamente a liderança e a ambição. Neste primeiro ensinamento o mais importante é compreender que o 1 é o início de tudo, que aqui se faz a iniciação, só depois de uma iniciação poderão ser revelados os Mistérios e iniciar-se a Grande Obra. O 1 representa ainda a coragem, a independência, a actividade mental (esta carta está associada a Mercúrio em Astrologia) e física, mas também as realizações e a acção em geral. É o Eu no Universo, ou seja, é o assumir que se faz parte sendo diferente, ensinamento que o chapéu em abas esconde muito bem. O chapéu não tem qualquer valor simbólico, daí que baralhos mais recentes o tenham retirado e apenas coloquem a símbolo que as abas fazem, o LEMNISCATA por cima da cabeça, claro. Este sinal do infinito, colocado sobre a cabeça, revela-nos que há uma tomada de consciência sobre a manifestação divina que há em nós, ele representa in fine o infinito que há em nós.
Esta lâmina inicia o ciclo o Caminho da Realização e por isso mesmo ela é a primeira prova, é o corte definitivo com os pais, ou outras pessoas que nos influenciam e com a sociedade, pois ela representa o início da individualidade, do caminho da afirmação.
Como já foi referido, com esta carta devemos começar a trilhar o nosso caminho, fazer uma iniciação num campo do nosso interesse, o importante é pegar nos nossos instrumentos e caminhar, estudar, praticar, meditar, pregar, qualquer coisa, o importante é a acção.
Por último esta carta pode servir como um aviso, ela leva-nos para o nosso poder criativo, mas avisa-nos que somos o Mensageiro de Deus e devemos de agir como tal. Depois de desvendarmos esta Chave não podemos deixar de ter em mente, todos os dias, de que para haver o Bem, temos de o praticar, pois tudo o que tem existência no Plano Manifestado, tê-lo-á no Plano Astral, que é o mediador entre este e o Plano Espiritual.

Ao mesmo tempo as coisas foram e vieram do Um, deste modo todas as coisas nasceram dessa coisa única por adopção.

Hermes Trismegisto, Tábua de Esmeralda

Procure a independência espiritual, alcance-a através da Vontade e do completo Silêncio.

Num dia de São Severo, São Leonardo e de Saquiel, Regente da Energia de Júpiter

Comentários

  1. Cara Shin Tau

    Obrigado pelo poema do nosso Pessoa, ninguem melhor do que ele para compreender a união transcendente destes dois conceitos.
    Tambem quero agradecer o comentário no post sobre os bombeiros, foram tempos interessantes com muitas histórias umas felizes outras menos felizes. O facto de participar do Karma das pessoas em risco fortaleceu a minha personalidade. Durante todos aqueles anos houve uma frase do "talmud" que me inspirou e ainda hoje me emociona: "Aquele que salva uma vida salva todo o mundo"
    Quanto ao tarot, esclarecedor fico à espera do proximo.

    Saudações

    O Viajante

    ResponderEliminar
  2. Já tinha lido sobre essa sua frase num outro texto sobre os bombeiros e na altura achei linda e continuo a achá-la.
    Devem de ter sido momentos de verdadeira aprendizagem, sobre e sobre os outros.
    Obrigada pelas suas partilhas.

    ResponderEliminar

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